''Desde o momento em que a criatura amada desaparece, o difícil é penetrar na ausência que se forma, essa ausência que se faz, às vezes na própria presença da pessoa amada e que envolve tudo na atmosfera nublada de melancolia e sofrimento. Atmosfera nublada que vai aos poucos se apoderando dessas horas que dias antes tinham palpitado de uma vida tão intensa - hoje, poesia, sonho, tristeza, minutos espessos que se arrastam no vazio, sem que possamos jamais encontrar de novo a mesma vitalidade onde descansávamos os nossos lábios doentes de uma sede insaciável... Horas sem luz, onde nossas mãos tateiam na penumbra, no pobre esforço de deter ainda um pouco de calor e da alegria desaparecida - ah! como sabem crescer e se tornar pesados esses momentos, cheios de lembranças desses laços que se atam e se desatam no silêncio, como se confundissem, na memória atribulada, o gosto do passado com a sombra sem perfume do presente..."
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
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